Por que há discordância entre os próprios rabinos sobre a prática noaica?

ATUALIZADO EM JULHO DE 2022

 

Parece que existe discordância entre os próprios rabinos sobre a prática noaica. Na realidade, sobre a real prática dos noaítas não há discordância alguma entre os rabinos. A discordância só começa a existir com os rabinos que querem transformar o movimento Bnei Noach numa seita judaizada.

 

Perguntas & Respostas

 

Por Projeto Noaismo Info

Site Bnei Noach (BRA)_Bnei Noach_Filhos de Noé_Leis Universais_Projeto Noaismo Info

 

Pergunta:

Esse site insiste na não-judaização ou na desjudaização dos Bnei Noach. Porém, conheço um rabino que aparentemente não se preocupa com isso. Ele mesmo, pelo menos pessoalmente, praticamente sempre permite aos Bnei Noach fazerem o que querem (por talít ou tsitsít, morar em sucá, tocar shofár, fazer netilát iadáim, contar o ômer, tirar o chamêts, comprar uma letra na Torá etc). A propósito, vejo muitos rabinos por aí permitindo muitas coisas (fazer Kidúsh e/ou Havdalá no sétimo dia, mulher noaíta cobrir todo o cabelo etc).
Agora, por que tudo isso? O que está acontecendo?
É o site que gosta de contrariar e pegar no pé, ou são tais rabinos que não fazem caso de nada?

 

Resposta:

Agradecemos pelas perguntas e por suas sinceras palavras. Ficamos gratos por, mais uma vez, trazermos luz a essas confusões.

Realmente, há hoje em dia uma situação desconfortante no movimento Bnei Noach. Têm benêi Nôach querendo fazer mais do que o que realmente devem, e pensando que os que não fazem não são sérios. Isso é uma grande deturpação do real significado de Bnei Noach (e do movimento Bnei Noach). E infelizmente muitas vezes essas inconsistências existem exatamente com o apoio de certos rabinos. O fato de nem tudo no Judaísmo (na verdade, quase nada) ser de fato expressamente proibido não significa que é porque é para ser estimulado ou incentivado, ou mais ainda, que é o que realmente ocorre na grande maioria dos casos, não significa que é porque não é para ser desestimulado ou desencorajado. Mas, não podemos generalizar. Na verdade, são poucos os rabinos que agem dessa maneira (porém, exatamente por falarem o que as pessoas querem ouvir — em outras palavras, por fazerem o gôsto das pessoas — é que acabam se tornando populares). Muitos rabinos em todo o mundo estão sim alinhados e comprometidos com os verdadeiros ensinamentos de Hashém (de acordo com a Torá e os Sábios) para os não-judeus (e, naturalmente, são esses que por vezes se tornam os mais impopulares).

A verdade é que um rabino que se mete com querer ensinar os noaítas (Bnei Noach) deveria aprender de verdade o noaísmo e não se “esquecer” de que está lidando com não-judeus, e não com judeus, e também ter em mente que o seu objetivo não é querer agradar os não-judeus e sim agradar Hashém, O CRIADOR.

Sua preocupação deve ser ter seguidores fazendo o que é para ser feito, o que tem de realmente ser feito, mesmo eles sendo pouquíssimos, do que ter uma multidão o seguindo mas dando maior importância a coisas noaicamente secundárias (rituais e símbolos judaicos) em vez de focando no que lhe deveria ser a verdadeira e fundamental preocupação da vida perante Hashém (a moralidade).

A verdade é que tem muitos não-judeus trocando um erro por outro. Ou seja, trocando seus antigos rituais (de suas antigas religiões e cultos) pelas suas próprias cópias e imitações dos rituais judaicos.

Alguns rabinos até têm começado a confessar que é aí que está todo o problema: são os ex-cristãos (inclusos os ex-messiânicos) que não querem ficar sem praticar rituais. Eles não querem aceitar e admitir que Bnei Noach não é judaísmo (judaicidade) e não é uma religião. Eles saem da igreja mas a igreja não sai deles. Então, se judaizam, e ainda se esforçam a tentar judaizar os outros. E quem deveria pelo menos estar tentando resolver estas coisas são exatamente aqueles que se acomodam, se acovardam, e deixam as coisas simplesmente rolarem — os rabinos (alguns) — isso quando eles mesmos não são os próprios instigadores.

A verdade é que tais rabinos nunca leram o “Shulchán Arúch dos Bnei Noach”, o livro Shéva Mitsvót Hashém (no hebraico), ou sua tradução inglesa, The Divine Code, publicado pela Ask Noah International (baseado nos ensinamentos do líder espiritual da geração, o Rebe — que se basea no Rabi Maimônides), ou então, não consultaram e estudaram com os grandes mestres da geração. Eles não conhecem os ensinamentos do Rebe. Não conhecem o seu próprio Talmúd. E, a única autoridade que citam, quando citam, eles citam parcialmente ou eles distorcem — o Rabi Maimônides.

Uma única citação do Talmúd — uma, e apenas uma — e toda essa questão da judaização dos benêi Nôach, ou da parte de si mesmos, ou instigados ou ensinados por tais rabinos, cai por terra:
“Rav Yehudá disse: É proibido que um judeu confunda o gentio com um judeu” — Talmúd, Menachót 43a:10.

Mas como é que é que isso aconteceria? Como pode ser possível isso acontecer? Como um judeu pode achar que um gentio é outro judeu? Ora, apenas pelos próprios não-judeus não se comprometerem a praticar apenas aquilo que eles realmente foram obrigados a praticarem (serem morais), mas por eles usarem símbolos exclusivamente ou particularmente judaicos e por praticarem rituais caracteristicamente judaicos. Se um não-judeu não for incentivado ou estimulado (ou mais especificamente não se sentir desestimulado ou desencorajado) por um judeu a copiar rituais judaicos e utilizar símbolos judaicos (se não estiver em processo de conversão), não haverá como um judeu pensar que ele é outro judeu.

Portanto, em outras palavras, o próprio Talmúd está declarando que não é propício que um gentio se judaize porque é proibido o judeu pensar que o gentio é um judeu.

O Rebe explica:
“O que deveria acontecer é que (até mesmo) quando uma criança judia anda pela rua deveria ser possível reconhecer, já à distância, que quem caminha ali é um judeu, pois “Israel” é um termo que denota distinção.” (Likutêi Sichót)

Certo, então alguém poderia argumentar: ‘pois bem, já que é assim, então não vou sair na rua parecendo um judeu, nem vou fazer nada na rua que leve alguém a pensar que sou um judeu. Mas, em casa não há problema. Em casa, ninguém está vendo.’
Como ninguém está vendo? E Hashém?
E ainda assim, neste caso, nós lhe perguntamos: (caso você venha a praticar (na verdade, copiar, imitar) rituais judaicos apenas na sua própria casa), por que? Para que?
“Porque é o que Hashem quer. ELE ordenou na Torá.” Sim, mas é o que ELE quer dos judeus, não dos Bnei Noach, porque se fosse o que ELE realmente quisesse das nações ELE as teria obrigado (ou pelo menos o bom-senso de fato comprometeria as nações a estas coisas). ELE ordenou na Torá, mas expressamente “para os filhos de Israel” e a humanidade toda não é filha de Israel.
Se você está treinando para depois da sua conversão é uma coisa, diz o Rabi Ashér Cácua (apesar de que esse caminho nada tem a ver com o caminho Bnei Noach). Mas se não é isso, é uma prática vazia. Então você não é noaíta porque não está praticando o noaísmo e não está praticando o judaísmo porque não é judeu. No fim de contas, você está criando um novo ritual, nem noaico nem judaico, a prática de uma nova religião. E o Rabi Maimônides falou sobre isso, e nós já o citamos diversas vezes (mas tais rabinos nunca entram nessa questão — por que será não é?).

Há alguns rabinos que afirmam que são apenas TRÊS (3) coisas que não devem ser feitas pelos noaítas. Eles se baseiam em sua própria interpretação do Radbaz (ou Radvaz), Rabi David Zimra (1479-1573 Era Civil).

Em seu Comentário sobre Mishnê Torá – Hilchót Melachím 10:10, Radbaz declara:
“No entanto, sobre os mandamentos que exigem santidade e pureza, tais como tefilín, sêfer Torá e mezuzá, inclino-me para o rigor, [ou seja, inclino-me] para não permitir que eles [os não-judeus] realizem tais mitsvót.”

Como podemos observar, sabemos que se trata da interpretação pessoal de tais rabinos porque o Radbaz disse “sobre os mandamentos”, não dizendo que são apenas alguns ou mesmo que são apenas três, mas “os mandamentos”, no seu conjunto. Tratam-se de todos “os mandamentos que exigem santidade e pureza,” ou seja, de todos as Mitsvót Edót, todos os mandamentos rituais, já que eles são os únicos pelos quais os judeus se santificam (se separam/se distinguem das nações, inclusos os benêi Nôach) e se purificam (se elevam) (conforme atestado pelas bênçãos). E então para não haver equívocos ele mesmo (Radbaz) dá três exemplos. Aqui temos uma parte interessante. Os rabinos que dizem que apenas três coisas não são propícias para os não-judeus simplesmente ignoraram a expressão “TAIS COMO”. Sim, o Radbaz está dizendo “tais como” ou “entre os quais” que quer dizer “tendo como exemplos” ou simplesmente “por exemplo”, dando então três exemplos, o tefilín, escrever um Sêfer (Livro da) Torá e a mezuzá. O Rabi Naftali Silberberg, do Chabad, usou o mesmo tipo de linguagem do Radbaz para explicar que:
“Um não-judeu pode fazer a maioria das (613) mitsvót, mas não todas elas. Aquelas mitsvót que constituem um sinal entre D’us e os judeus — como, por exemplo, Tefilín, Mezuzá e Shabát — não devem ser observadas por um não-judeu.” Os
três exemplos do Radbaz são, naturalmente, todos de leis rituais, as Mitsvót Edót. A propósito, como poderia Radbaz querer estar tratando de apenas três mitsvót judaicas se ele estava exatamente comentando o escrito do Rabi Maimônides que deixa claro que os não-judeus, mesmos os noaítas, não tem motivo para quererem praticar quaisquer dos rituais judaicos?

Por: “que exigem santidade e pureza”, é certo que o Radbaz não está dizendo que são pelas Mitsvót Mishpatím (Leis Morais e Éticas) que os judeus se destacam dos outros, exatamente como não há diferencial algum entre eles e os noaítas — os justos das nações — que seguem as Leis Morais como Mitsvót Hashém Torá (mandamentos de D’us na Torá). Tanto que para cumprir as Mitsvót Mishpatím os judeus não recitam nenhuma bênção. Porém, este é exatamente o caso das Mitsvót Edót. E é exatamente através da execução da bênção que eles, os judeus, se tornam sagrados e puros ao praticarem seus rituais.

O filósofo e escritor judeu Edmond Fleg declarou:
“De fato, o ideal de nossos profetas era o de nunca impor a todos os povos da terra ritos que são obrigatórios unicamente para os descendentes de Avrahám, quem fundou uma nação de sacerdotes.”

Mas por que Radbaz deu exatamente estes três exemplos?
Porque estes compõem o símbolo máximo da santidade no judaísmo (os objetos mais sagrados): a própria Torá (Rolo da Torá), e tefilín e mezuzá, que possuem palavras da Torá dentro deles.

Se tanto Radbaz quanto Rabi Maimônides sabiam da declaração do Talmúd, como poderiam contradizê-lo? É óbvio que Radbaz e Maimônides (assim como o próprio Talmúd) declaram que os bnei Noach podem cumprir todas as mitsvót que quiserem dentre as MISHPATÍM (categoria onde não há diferencial entre judeus e noaítas — como disse o Rabi Benny Rapoport: “Leis óbvias que qualquer nação justa seguiria”), ou as de bom-senso, não dentre as Edót (“símbolos caracteristicamente judaicos”).

Outros rabinos (e muitos não-judeus) têm se valído do Rabi Maimônides para tentar sustentar seus gostos pessoais (de ver os não-judeus judaizados para eles não buscarem a conversão*). Eles citam as palavras do Rabi Maimônides:
“Não devemos impedir um gentio que deseja cumprir uma das Mitsvót da Torá a fim de receber recompensa, de realizá-la, contanto que a faça como é devido (i.e., exatamente do modo como foi ordenada por D’us na Torá).”

Eles dizem que o Rabi Maimônides não está especificando aqui quais das Mitsvót e que portanto ele está se referindo a todas, a qualquer uma das 613. A questão é que é óbvio que o Rabi Maimônides não está especificando aqui que o gentio pode cumprir qualquer uma das Mitsvót Mishpatím, e não alguma das Edót, porque antes ele já havia deixado isso claro. Citar um único parágrafo isolado realmente pode gerar equívocos ou distorções.

Rabi Maimônides se refere às 613 Mitsvót quando diz:
“Moshé somente deu a Torá e as Mitsvót (i.e., as 613) como uma herança para Israel (Deuteronômio 33:4), e para todos aqueles que desejam se converter dentre as outras nações (Números 15:15). Entretanto, aquele que não quiser (se converter e) aceitar a Torá e as (613) Mitsvót, não deve ser forçado a fazê-lo.”
É aqui que o Rabi Maimônides deixa bem claro que há sim Mitsvót propícias aos judeus. Mitsvót para serem cumpridas apenas ao seguir o caminho da conversão.

O Rebe disse: “A Torá consiste de 613 preceitos que são relevantes para cada judeu. Os judeus certamente devem ser educados nos 613 mandamentos. Com efeito, cada judeu pode cumpri-los, e finalmente haverá de cumpri-los.”

Depois disso, o próprio Rabi Maimônides deixa claro que nem as próprias Sete Leis de Noá são realmente apenas sete. Ele declara que:
“Os gentios são proibidos de cruzar animais e enxertar diferentes espécies de árvores (e de) agredir um judeu.”
Aqui, obviamente, não temos a citação de nenhuma lei ritual, apenas outras das mishpatím.

E depois, ele realmente entra na categoria das leis rituais, das Mitsvót Edót, por dizer:
“Um gentio que estuda (as Leis Rituais da) Torá (para praticá-las sem se converter) é passível (de punição pelos Céus, porque os outros o verão cumprindo Mitsvót que não lhe é pertinente e se enganarão pensando que ele é um judeu praticante e se equivocarão indo atrás dele). Eles (os gentios) devem se dedicar somente ao estudo (e prática) de suas Sete (Categorias de) Mitsvót.

Assim também, um gentio que faz um Shabát, i.e., que realiza um descanso ritual — em qualquer dia da semana (podendo ser até mesmo no próprio sétimo dia) —, é passível (de punição). Nem é necessário dizer, ele é passível de punição se cria um dia de festividade (religiosa, incluso por estar copiando festividades judaicas) para si próprio.

Em geral se adota o seguinte princípio nestas questões: Não se deve permitir dar origem a alguma religião ou criar novas Mitsvót para si mesmos baseados nas suas próprias decisões (de querer imitar os judeus). (Se eles querem praticar as Leis Rituais) eles podem se tornar convertidos justos e aceitar todas as 613 Mitsvót ou manter suas próprias (Sete Categorias de) Mitsvót ( — que são Leis Morais — ) sem acrescentar ou diminuir (por suas próprias inferências).

Se um gentio estuda (as Leis Rituais da) Torá (para praticá-las sem se converter), faz um Shabát, ou inventa (rituais próprios de uma religião, i.e.) práticas religiosas, uma corte judia deve … informá-lo de que é passível (de punição.)”

◇ Pois como foi explicado, se um não-judeu tornou-se um noaíta, e agora ele resolve imitar um judeu, e utiliza um símbolo judaico e copia um ritual judaico, ele então inventa uma religião, pois ele não é judeu e está utilizando um símbolo judaico ou praticando um ritual judaico, além de que o que ele está fazendo não é judaísmo exatamente porque ele não é um judeu. Mas fazendo essas coisas ele também já não está sendo um Bnei Noach já que tais coisas não dizem respeito ao movimento Bnei Noach da Torá.

 

Alguns rabinos ainda chegam ao ponto de dizer que se os noaítas não labutam na Torá e não fazem Shabát isso já basta. Como vimos, alguns não-judeus (que ainda por cima se dizem Bnei Noach) podem decidir usar o estudo da Torá (quer dizer, o estudo aprofundado das Leis Rituais) para imitarem os judeus se apropriando de símbolos particularmente judaicos e/ou copiando práticas (rituais) caracteristicamente judaicas. O Rabi Maimônides estava totalmente ciente da declaração do Talmúd de modo que declarou em outro lugar:
“É proibido vender uma roupa com tsitsít para um não-judeu, … por temor de que o não-judeu, vestido com a roupa com tsitsít, possa ser acompanhado na rua por um judeu (que está enganado achando que esse gentio é um judeu).” (Mishnê Torá, Franjas 3:9.
Veja também o Talmúd, Menachot 43a:9-10.)

A questão é que se segundo alguns rabinos tudo o que os Bnei Noach têm de fazer é não labutar na Torá e não fazer Shabát porque foi “apenas isso” o que o Rabi Maimônides disse (e já vimos que essa afirmação não é verdadeira), é intrigante que esses mesmos rabinos não digam então que tudo o que os Bnei Noach podem fazer além das suas Sete Leis é ‘trazer uma oferta Olá para o Templo e dar caridade’ PORQUE FOI APENAS ISSO O QUE o Rabi Maimônides DISSE. Vejamos:
“Não devemos impedir um gentio que deseja cumprir outra Mitsvá das Mitsvót (Mishpatím) da Torá a fim de receber benefício(), de realizá-la, contanto que a faça como é devido (i.e., exatamente do modo como foi ordenada por D’us na Torá). Se ele ofertar um Korban Olá, nós a recebemos[ — baseado em Levítico 22:25 e comentário de Ráshi —; se ele] der caridade, nós a aceitamos.” (Mishnê Torá – As Leis dos Reis capítulos 8 e 10.)

Para receber benefício: isto se refere a um benefício natural, prático ou lógico, em oposição a uma (imaginada) recompensa puramente espiritual (The Divine Code).

 

Assim, por que um método de interpretação é usada em um lugar das Leis dos Reis e não é usada no outro lugar? Ou seja, se não podemos apenas labutar na Torá e fazer Shabát porque supostamente “é apenas isso” o que não podemos fazer, então, por que, do mesmo modo, ofertar Korban Olá no Templo e dar caridade não são as únicas coisas que podemos fazer além das 7 Leis porque supostamente “é apenas isso” o que podemos fazer?

E assim observamos como cada rabino (de certos rabinos) vai simplesmente escolhendo aquilo que melhor combina com seus gostos pessoais ou com suas intenções de fazerem o gosto dos não-judeus. Alguns ignoram Radbaz (e outros que o usam, o distorcem). Alguns ignoram Rabi Maimônides. E alguns dividem o próprio Rabi Maimônides usando umas partes isoladas e ignorando outras (como não citar a proibição de fazer Shabát, por exemplo, ou então como não citar que não é o propósito de Bnei Noach a imitação de rituais judaicos). E todos ignoram o Talmúd.

 


(→ Quanto ao * (asterisco) do parágrafo:
“Outros rabinos (e muitos não-judeus) têm se valído do Rabi Maimônides para tentar sustentar seus gostos pessoais (de ver os não-judeus judaizados para eles não buscarem a conversão*)”, 13 parágrafos acima, eis sua nota.)

 

* Muitos rabinos são os verdadeiros responsáveis por essas bagunças dentro do movimento Bnei Noach.
Infelizmente têm rabinos que agem fazendo PARECER que a conversão é uma coisa proibida. Eles questionam porque você vai se tornar judeu se D’us não o fez judeu, e que se D’us quisesse que você fosse judeu, então ELE o teria feito judeu, ignorando totalmente o fato de que ESSE MESMO D’us também deu a todos o livre arbítrio, e, portanto, cada um tem Sim a liberdade de escolher se quer se converter ou não. Esses rabinos na verdade lutam contra a conversão (sim, combatem-na) e não apenas a desestimulam UM POUCO (que é o que eles realmente deveriam fazer)□. Porém, ao agir assim, esses rabinos criam outro problema. Vendo que muitos não-judeus ex-religiosos acabam por ficar desapontados, desanimados e descontentes pela impressão de que é proibido pensarem em tornar-se judeus, e com medo então de que eles retornem para os seus antigos cultos, são esses mesmos rabinos que, uma hora ou outra, afrouxam, cedem e irresponsavelmente acabam aprovando ou permitindo, ou mais exatamente não desestimulando e não desencorajando que os não-judeus se judaizem (além de que, como vimos, as pessoas que se judaizam inventam — conscientes ou não — uma nova doutrina, uma nova religião, um novo culto, o que quer que seja, pois não praticam o noaísmo porque estão praticando rituais caracteristicamente judaicos e não praticam o judaísmo porque não são judeus).

Portanto, são esses rabinos os responsáveis por ENGANAREM os não-judeus — e por causarem desunião e desarmonia entre os não-judeus dentro do movimento — dando a impressão de que a conversão é proibida, não ensinando-os que Bnei Noach não é uma religião e não tem rituais judaicos, fazendo tais pessoas se identificarem como Bnei Noach quando na verdade elas NÃO são Bnei Noach — elas não estão praticando o noaísmo (pois praticam rituais judaicos), fazendo tais não-judeus se judaizarem sem serem judeus ou sem estarem buscando a conversão, e judaizados, ficarem parecendo judeus (com o risco de os judeus acharem que estes não-judeus são judeus), fazendo tais não-judeus pensarem ou acharem que, porque praticam rituais judaicos, possuem mais méritos do que os verdadeiros Bnei Noach (que verdadeiramente ganham méritos por temerem trazer profanação ao NOME de Hashem por serem confundidos como judeus) (e como podem — os tais judaizados autodeclarados “bnei Noach” — acharem que têm mais méritos se estão focando no que não foram encarregados em vez de no que foram encarregados), fazendo tais não-judeus pensarem ou acharem que depois da revelação do Mashíach eles, finalmente, se tornarão judeus, obviamente, passando pela conversão, já que este é o único meio de tornar-se judeu (e como isto acontecerá se depois da revelação não haverá mais conversões, diz o Talmúd), fazendo tais não-judeus pensarem ou acharem que depois da revelação do Mashíach o mundo todo se tornará judeu (e, agora, fazendo uso do mesmo questionamento contra a conversão, porque o mundo inteiro irá querer tornar-se judeu se D’us não os fez assim, pois se ELE quisesse que todas as pessoas do mundo fossem judeus, ELE já os teria criado assim).

Está escrito no Talmúd:
“Nossos rabinos ensinaram: se atualmente uma pessoa deseja se tornar prosélito, deve-lhe ser dito o seguinte… . Ele não deve, porém, ser nem muito persuadido, nem muito dissuadido” — Talmúd, Ievamot 47.


 

Alguns não-judeus ainda dizem: mas Avrahám era noaíta e ele “observou toda a Torá”, mesmo quando ela ainda não tinha sido dada. Aqui, temos então três observações a serem feitas.
Uma: mesmo antes do Sinái, a observância de toda a Torá só foi realizada a partir de Avrahám e não antes;
Duas: e mesmo depois de Avrahám, não foram todos os não-judeus nem qualquer não-judeu que observou toda a Torá, mas apenas a família de Avrahám e seus descendentes (como explica o Rabi Yanki Tauber: “O Talmúd nos diz que Avrahám, Isaac e Iaacóv já observavam os preceitos da Torá antes mesmo de serem decretados no Sinai”);
Três: é sim verdade que Avrahám nasceu não-judeu e não um judeu. Com o tempo, Avrahám sozinho se tornou noaíta. Porém, ele não permaneceu noaíta para sempre. Ele se tornou judeu, o primeiro judeu, o pai (ancestral) de todos os judeus (como dito mais acima por Edmond Fleg). Foi só quando o seu status mudou que ele teve a sua identidade espiritual e natureza espiritual modificada. Assim, Yitschác foi o primeiro a nascer judeu.

 

No “Shulchán Arúch dos Bnei Noach”, o livro hebraico Shéva Mitsvót Hashém (ou, The Divine Code, em inglês), publicado pela Ask Noah International (baseado nos ensinamentos do líder espiritual da geração, o Rebe — que se basea no Rabi Maimônides), o Rabi Moshe Weiner (Chabad) explica:
“O Rabi Maimônides, nas Leis dos Procedimentos Sacrificiais 19:16, declara: “É permitido instruí-los e ensiná-los a sacrificar ao Todopoderoso, bendito seja ELE.” Isto implica claramente que os judeus podem ensinar aos gentios as partes da Torá que se relacionam com preceitos opcionais dentro do Código Noaítico, bem como os Mandamentos Noaíticos e os preceitos morais. Isto pode incluir instruções para entender adequadamente estes preceitos, além dos seus detalhes práticos.

O que é “aprofundar-se na Torá”? É aprender apenas para adquirir o próprio conhecimento da Torá (que é chamado de “aprender a Torá por si mesmo”). Isto significa um envolvimento profundo no estudo e um aprendizado investigativo penetrante (pilpul em hebraico). Isto inclui aprender a entender profundamente as leis detalhadas da Torá, as razões mais profundas dos mandamentos, ou a profundidade da intenção das palavras da Torá, e não para qualquer outro objetivo. Quem aprende com um objetivo diferente destes não está aprendendo a Torá “por si mesmo”. Em vez disso, está aprendendo pelo ganho de uma recompensa – isto é, por algum benefício que obterá com as informações.

Esta diferença pode ser observada pelo que o Rabi Maimônides escreve, que o estudo da Torá é proibido a um gentio, assim como a observância de um shabát, por causa da proibição de adicionar um novo mandamento ou religião. Embora o Talmúd no Tratado Sanhedrín 59a diga que isto é como “ter relações com uma mulher comprometida” ou “roubar dos judeus”, parece que sua intenção é apenas com respeito a uma profundidade do estudo da Torá que é severamente proibida, mais do que a restrição geral de que os gentios não devem assumir uma observância adicional como um mandamento divino. Portanto, um gentio que aprofunda-se no estudo da Torá até esse ponto está violando duas proibições: (1) a proibição geral de adicionar um mandamento, e (2) a proibição específica de aprender a Torá com tanta profundidade que é como ter relações com “um mulher comprometida” (uma metáfora da Torá), ou roubar aquilo que pertence a outra pessoa (o povo judeu).

É por isso que o Talmúd compara este nível de estudo da Torá com um pecado capital. A comparação se relaciona apenas com a perspectiva espiritual (já que esta transgressão não é punível por um tribunal). Parece que a proibição ou permissão para aprender a Torá de uma maneira ou de outra segue a regra geral que foi explicada no Capítulo 3: para qualquer mandamento da Torá que tenha uma razão e um benefício para um gentio cumprir, se lhe permite fazê-lo (e, portanto, ele também pode aprender os detalhes de seu desempenho) e, se é um preceito judaico puramente espiritual [ou seja, se é um ritual – uma Edót – ], não é propício os gentios fazê-lo. Da mesma forma, no que diz respeito ao aprendizado da Torá, quem aprende para obter um benefício, como conhecer as leis sociais lógicas que a Torá lhes dá, pode aprender as partes da Torá que estão conectadas a isto, como o Livro de Danos na Mishná, ou a seção Choshen Mishpat no Código da Lei Judaica (o Shulchán Arúch). Uma vez que ele está aprendendo isto para seu próprio benefício, e certamente não está aprendendo a Torá “por si mesmo”, isto não é chamado de “aprofundar-se na Torá”, e é permitido. Portanto, qualquer pessoa que queira aprender partes específicas da Torá a fim de cumprir os mandamentos lógicos, como honrar os pais, devolver objetos perdidos e dar caridade, não é proibida de fazê-lo, porque quer realizá-los como ações justas e retas, e não como estatutos [ritualísticos] espirituais. Mesmo que ela só queira aprender Torá para conhecer as distinções especiais do povo judeu e seus mandamentos divinos, e ela não deseja cumprir [estes] preceitos [caracteristicamente] judaicos nem estudar em consideração à conversão, isto não é chamado de “aprofundar-se na Torá”, e não é proibido. (Esta é a razão pela qual Moisés escreveu os Cinco Livros de Moisés nas 70 línguas, para informar os gentios sobre a Torá, para que eles conhecessem as distinções especiais dos judeus e da Torá que receberam de D’us. Veja o Tratado Sotá 35b sobre como os gentios aprenderam estas traduções de Moisés.) No entanto, um gentio que está envolvido no aprendizado da Torá por si mesmo (não relacionado com o Código Noaítico) está adicionando outro mandamento do qual ele não tem nenhum benefício prático e, portanto, está fazendo isso apenas como um mandamento de D’us, como alguém que faz um shabát ou jejua [observando também todas as outras regras de proibição] no Ióm Kipúr; todas estas observâncias não são propícias para os gentios. É a isto que o Talmúd se refere ao dizer que um gentio que se aprofunda no aprendizado da Torá está alcançando um nível de Torá que foi “comprometido” apenas com o povo judeu e dado como sua posse exclusiva, pelo que ele é responsável de ser morto pela Mão do céu. Tudo isto está de acordo com a opinião do Rabi Maimônides sobre este tema. Também é proibido que um judeu ensine a Torá aos gentios no texto hebraico ou aramaico canonizado (consulte o Tratado Chagigá 13), seja por causa da santidade inerente às letras hebraicas da Torá e por sua redação precisa, ou porque os gentios podem fazer com que outros errem se eles sabem ler o texto original e como resultado dão suas próprias explicações e interpretações da Torá.

A regra geral é que é obrigatório que um gentio aprenda os sete mandamentos que ele é ordenado a cumprir, e deve aprendê-los muito bem, para saber o que é propício e não-propício para ele. Se lhe permite aprendê-los mesmo de uma maneira que “se aprofunde neles”, o que significa aprender profundamente a entender as razões e os detalhes dentro do Código Noaítico.”
(© Ask Noah International; © Traduzido por Projeto Noaismo Info)

 

Em vista de toda a explicação acima, a triste e decepcionante conclusão a que chegamos é que infelizmente há (alguns) rabinos que na verdade estão brincando com a espiritualidade desses não-judeus que se dizem Bnei Noach. Se agora mesmo você está se despertando e percebendo que o rabino que você está seguindo é um fanfarrão, que está pouco se lixando para com a sua condição espiritual perante Hashém (NÃO desestimulando ou desencorajando você ou outros de se judaizar*, fechando os olhos para a sua judaização ou dos outros sem que vocês estejam buscando a conversão — instigando ou sendo conivente com a prática de uma única mitsvá Edót (ritual), de qualquer uma delas), fuja dele imediatamente.

* Alguns desses rabinos dão a sua própria opinião, segundo seus gostos, sobre as coisas, não citando fonte alguma. Outros, se esforçam para citar alguma fonte, mas obviamente ou as citam parcialmente, quer dizer, de modo incompleto, usando só uma ou outra parte, ou as distorcem.

 

Como já dissemos, só é possível um judeu confundir um gentio com um judeu se o próprio gentio estiver se apropriando do modo de vida judaico: usando coisas dos rituais judaicos ou praticando rituais judaicos. Os rituais judaicos evidenciam a singularidade do povo judeu, como mostrado acima. E como o Rebe diz:
“Edót (“Mitsvót comemorativas”) comemoram eventos na história judaica, servem como testemunho e lembrança (destes eventos. Elas são) caracterizadas pelas palavras da bênção recitada antes de realizar a mitsvá: “Que nos santificou com SEUS mandamentos, e nos ordenou a…” (Portanto,) as Mitsvót Edóts são as mitsvót que testemunham e são sinais do relacionamento especial de D’us com os judeus. (Elas são, nas palavras da oração de Havdalá, no Sidúr,) “os sinais que distinguem entre Israel e as nações”. Obviamente, quando um sinal é usado para diferenciar uma entidade de outra, ele tem de ser particular da entidade escolhida. Da mesma forma, os sinais que distinguem os judeus das outras nações devem ser associados particularmente aos judeus. (Através destes sinais/rituais) preservamos nossa identidade, garantindo nossa existência como nação e como indivíduos.”

 

Um belo nome dado às Mitsvót Edót pelo Rabi Tzvi Freeman, editor sênior do site Chabad.org, é rituais tribais.
Ele explica:
“Seu primeiro erro é crer que os judeus fazem estas coisas por qualquer razão sensata. Os judeus fazem estas coisas porque são judeus. Manter cashér não é um ato razoável, e tampouco o é fazer Shabát, nem mergulhar no micvê. Estes não são atos racionais nem religiosos — no entendimento moderno de “religioso”. São rituais tribais antigos, preservados por um povo obcecado por sua história e seu tribalismo.

Qual é o lugar do ritual dentro da tribo?

Os rituais lidam com a identidade. A identidade, por sua vez, é a cola pela qual uma tribo é mantida unida. No entanto, quando se trata da motivação principal para todos eles, para tudo o que um judeu faz, é porque “Ei, eu sou judeu, e isto é o que os judeus fazem.” Em outras palavras, tudo se resume a nossa aliança com um D’us Infinito e Incognoscível, CRIADOR do céu e da terra, que nunca descobrimos de todo, e que realmente não esperamos descobrir. Mas fazemos as coisas DELE porque, ei, somos a sua tribo.”
(© Chabad.org; © Traduzido por Projeto Noaismo Info)

 

Ou, como bem resume o Rabi Yitzi Hurwitz:
Eles (os não-judeus) não têm nada a ver com Shabát, cashér etc.”
(© Chabad.org; © Traduzido por Projeto Noaismo Info)
Enfim, os não-judeus não tem nada a ver com as Mitsvót Edót.

 

Exatamente sob o título “Símbolos Judaicos”, a Editora e Livraria Sêfer (Brasil) explica:
“O judaísmo coloca símbolos por toda a parte — até nas roupas que nós (judeus) usamos.

Algumas destas vestimentas estão associadas à oração, outras para ocasiões especiais e outras ainda são vestidas normalmente durante o dia e nós decidimos ser identificados através delas: talít, tsitsít, tefilín, kipá…

Assim como a marca da Torá está impressa na roupa, também existe uma marca no lar: a mezuzá.

É muito prazeroso festejar os eventos judaicos, desde o Shabat semanal até os diversos feriados.

Os judeus planejaram para que D’us e SUA Torá fossem lembrados em todos os lugares e durante toda a sua existência.”
(© Editora e Livraria Sêfer; Editado por Projeto Noaismo Info)

 

No texto acima, fala-se do Shabat.
Há um equívoco muito grande em relação ao shabát que gera uma extrema confusão (não apenas na mente dos não-judeus mas até mesmo na mente de alguns judeus).
Muitos pensam que shabát é o sétimo dia em si mesmo. E pensam que, já que o shabát é o próprio sétimo dia, então, o shabát (como sendo ele mesmo o próprio sétimo dia) deve ser observado por toda a humanidade.
Porém, como já vimos aqui no site, shabát não é ele mesmo o próprio sétimo dia, mas ele é o Ritual que é realizado exclusivamente pelos judeus no sétimo dia. É verdade que no calendário judaico o sétimo dia ganhou o nome de Shabát mas não porque este é de fato o nome do sétimo dia e sim porque é especificamente no sétimo dia que é para os judeus fazerem o seu Shabát. Portanto, o que se diz que é o “Dia do Shabát” significa que é o “Dia para fazer Shabát”, já que se trata de um dia determinado (não se deve fazê-lo em nenhum outro dia). Sim, Shabát é uma coisa que se faz. E é uma coisa feita — que deve ser feita — apenas por judeus.

Portanto, quando não-judeus perguntam: toda a humanidade deve guardar o Shabát?, o que realmente estão querendo dizer é: toda a humanidade deve FAZER o Shabát? E a resposta, obviamente, é que não, como explica o Rav Sany (Rabi Sany Sonnenreich) (diretor da Makom, Jardins-Moema, S. Paulo, Brasil):
“O Shabát é um preceito exclusivo para o povo de Israel.”

É o próprio Rebe quem assim o explica:
“Há uma frase significativa no mandamento: “E os filhos de Israel devem guardar o Shabát, para fazer (geralmente traduzido, ‘observar’) o Shabát ao longo de suas gerações.” O Shabát é algo que fazemos. É um dia para santidade dentro da semana que nós (judeus) construímos por nosso próprio serviço (divino).”
(Dos ensinamentos do Rebe Lubavitcher, adaptado pelo Rabi Jonathan Sacks.
© Chabad.org; © Traduzido por Projeto Noaismo Info)

 

Assim, quando o Rebe diz: “Todo judeu deve observar o Shabát”, ele realmente está dizendo: ‘Todo judeu deve FAZER o Shabát.’ “Todo judeu”, não os não-judeus.

Daí que também não existe a desculpa de um não-judeu ter de lembrar do Shabát (para fazer kidush e havdalá — cumprindo tudo o que um judeu tem de cumprir para realizar verdadeiramente o kidush e a havdalá). (Obviamente que apenas acender vela, tomar vinho e fazer algumas rezas não caracteriza estar literalmente fazendo o kidush, que é muito mais do que apenas acender vela, tomar vinho e rezar.) Nem um não-judeu consagra — consegue consagrar — nenhum ritual judaico. Assim, o não-judeu não lembra e também não consagra o ritual judaico do Shabát — em outras palavras, o não-judeu não lembra e também não consagra o ritual chamado Shabát que é feito no sétimo dia apenas pelos judeus. Como já citado mais acima:
“Os não-judeus não têm nada a ver com Shabát.”
— Rabi Yitzi Hurwitz.

 

Resumindo (este tema dos rituais judaicos), como disse o Rabi Naftali Silberberg:
“Estes símbolos de Identidade Judaica (as Mitsvót Edót) demonstram orgulho e dignidade judaicos, são símbolos de nossa singularidade, são nossa defesa contra a assimilação, e em seu mérito testemunharemos mais uma redenção: a Redenção Final.”
(© Chabad.org; © Traduzido por Projeto Noaismo Info)

 

Definitivamente, é injustificável nós não-judeus ficarmos querendo assumir “símbolos de Identidade Judaica”, “ritos obrigatórios unicamente para os descendentes de Avrahám”, a nação de sacerdotes, se não somos judeus — não nascemos judeus e não nos tornamos judeus (passando pela conversão perante um tribunal ortodoxo). Isto é algo totalmente INCONGRUENTE, nos três sentidos da palavra: “que apresenta incongruências, sendo ilógico e absurdo; que não é apropriado ou não tem propósito; que é incombinável.”
“A Judaicidade é uma condição da alma que descreve a sua essência, em vez de um modo escolhido de auto-expressão.” — Rabi Mendel Kalmenson (que já foi um editor do site Chabad.org).

E mais incrível ainda é que, obviamente, essas pessoas (messiânicos ou ex-messiânicos) que tem esse acinte das coisas judaicas são exatamente aquelas que não têm nenhuma preocupação em se tornarem pessoas melhores (em ser um melhor marido ou uma melhor esposa, um melhor pai ou uma melhor mãe, um/a melhor filho/a, um/a melhor funcionário/a, um melhor cidadão ou uma melhor cidadã…).

 

Por outro lado, continua o Rebe:
“Mishpatím são aquelas Mitsvót que apelam para a razão, que são “compreensíveis” pela razão humana, as leis necessárias para o bom funcionamento da sociedade: leis de justiça social, ética e moralidade, i.e., as leis da Torá para o dia-a-dia em casa (relações familiares), em nossos locais de trabalho, e em nossas relações com os outros.”

 

Ou, como disse o Rabi Shlomo Yaffe:
“Mishpatím trata de justiça e equidade para com outros humanos. Esta é a forma de D’us dizer: “Sejam humanos bondosos, decentes e retos que respeitam o ser, a dignidade e a propriedade de outros.”
(© Chabad.org; © Traduzido por Projeto Noaismo Info)

 

Voltando para o Rebe:
“Estas atividades devem ser realizadas como mishpatím, as diretrizes da Torá, e não como atividades meramente humanas. A maioria das pessoas tem boas intenções e tenta viver moral e eticamente. Mas o judaísmo e o noaísmo nos dão o potencial para mais do que isto. A Torá nos dá um padrão objetivo de conduta ética determinada por D’us. Não é o homem que decide se algo é bom, ético ou justo.

Isso é muito importante. Porque os padrões mortais de justiça podem levar a erros. Além disso, não existe uma abordagem mais eficaz para viver uma vida de significado, profundidade e felicidade do que seguir as diretrizes que o próprio D’us nos deu.

As mishpatím também foram dadas no Monte Sinái. A correta observância de mishpatím deve derivar da consciência de que elas também são mandamentos de D’us. Como tais, elas devem ser observadas não apenas porque fazem sentido, mas porque elas também foram dadas por D’us. Obedecer estas leis sociais porque são razoáveis não aproxima uma pessoa de D’us. Esta é a diferença entre um ato que é razoável e um ato que é uma mitsvá. “Mitsvá” significa “conexão”: é o vínculo entre o humano e D’us.

Há uma qualidade infinitamente maior com a qual D’us dotou a Torá e as mitsvót. Esta é a qualidade de unir o humano a D’us, o criado com O CRIADOR, que de outra forma não teria nada em comum. Pois, ao dar ao humano um conjunto de mitsvót para realizar em sua vida cotidiana, D’us tornou possível que o humano se una ao seu CRIADOR e transcenda as limitações de um ser limitado, que vive em um mundo limitado. A Torá e as mitsvót constituem a ponte que atravessa o abismo infinito que separa O CRIADOR do criado, permitindo que o humano se erga e se apegue à Divindade. Certamente, esta qualidade só pode ser alcançada se a pessoa observar a Torá e as mitsvót não pela recompensa que traz para o corpo, ou para a alma, ou para ambos, mas simplesmente porque são a vontade e a ordem do Santo, bendito Seja. Nossos Sábios afirmam: “Uma pessoa que [cumpre mitsvót] quando se lhe ordena fazê-lo é maior do que aquele que o faz quando não se lhe ordena fazê-lo.”

 

Como também esclarece o Rabi Eli Touger:
“O estudo e a prática dos mishpatím da Torá refinam a personalidade do devoto. Porque eles comunicam a Divindade em relação à vida cotidiana dos mortais. A compreensão destas leis traz a Divindade para a mente de cada pessoa, tornando-a uma “morada para D’us”, já que D’us criou toda a existência porque ELE desejava uma morada nos mundos inferiores. E a aplicação destas leis cria uma sociedade que permite ao homem alcançar objetivos espirituais em paz, e satisfazer as necessidades materiais com retidão, estabelecendo uma “morada para D’us” no sentido mais completo.”
(© Chabad.org; © Traduzido por Projeto Noaismo Info)

 

E voltando novamente para o Rebe:
“As nações do mundo receberam um código de conduta Divino.
Fazer deste mundo físico uma morada para D’us inclui os esforços dos judeus de influenciar as pessoas do mundo a observarem as Sete Leis Noaicas e todas as suas ramificações. Quando os judeus influenciam os não-judeus a observarem as Sete Leis Noaicas, este mundo se torna uma morada para D’us.

Portanto, um judeu deve explicar para o não-judeu sobre sua obrigação de observar as Sete Leis Noaicas — e o mérito e a recompensa que recebe por esta observância tanto neste mundo como no Mundo por Vir.

O judeu permite que o não-judeu ganhe vida no Mundo Vindouro ao contar-lhe sobre as Sete Leis Noaicas. (Pois, já) que D’us é eterno, qualquer coisa que pode exaltar D’us também deve possuir um elemento de eternidade.

Quando um não-judeu é influenciado a pensar em D’us, O CRIADOR e O MESTRE do mundo, e a cumprir aquelas mitsvót que ele é ordenado, o mundo é permeado com a idéia de “Conheça O D’us de seu pai (i.e., de seu antepassado Nôach) e sirva-O de todo o coração.” Isso serve como preparação para a era messiânica, quando “a terra se encherá do conhecimento de D’us como as águas cobrem o mar.””
(Discursos do Rebe: © Chabad.org; © Traduzido por Projeto Noaismo Info)

 

O Rabi Yanki Tauber, do Chabad (e que já foi o editor-chefe de conteúdo do site Chabad.org), explica:
“O judaísmo tem uma mensagem universal — muito antes de nós judeus, filhos de Israel, recebermos a Torá com suas 613 mitsvót, Adão e Eva receberam as leis fundamentais da civilização. Mais tarde, estas foram reiteradas a Noá e seus filhos e ficaram conhecidas como as “Sete Leis Noaicas”. E quando estávamos no Sinái para receber NOSSAS mitsvót, também recebemos o trabalho (espiritual) de “obrigar todos os habitantes do mundo a aceitarem as leis ordenadas aos Filhos de Noá” (Rabi Maimônides, Mishnê Torá, As Leis dos Reis 8:10).

O Código Noaítico não é uma “religião”. Não se trata de um judaísmo simplificado para não-judeus. Pelo contrário, é o projeto de D’us para a civilização, uma base de sete pontos para a construção de uma sociedade justa, moral e ética na Terra.

A coisa fica interessante é com as duas primeiras leis: a crença em D’us e a proibição de blasfemar. Tenho uma confissão a fazer: alguns dos meus melhores amigos são ateus. Já posso ouvi-los dizendo: “Quando se coloca D’us em cena, isso é religião, isso não é nem moral nem ética. Pode-se também ser uma pessoa moral sem acreditar em D’us e sem respeitá-LO.” Mas o ponto principal do Código Noaítico é que não há moralidade sem D’us. O humanismo não basta.

Como se pensa em D’us, como alguém se comunica com D’us, como cada um devota D’us — isso é entre cada um e D’us. Isso é religião. Não é disso que estamos falando. Estamos falando da premissa básica de que o mundo tem um CHEFE. Que somos responsáveis ​​perante uma autoridade superior a nós mesmos. Que AQUELE que criou a vida humana também estabeleceu as regras para a vida humana, e aplica essas regras.

Esta — insiste o Código Noaítico — é a única base viável para um mundo civilizado.

É absolutamente lógico. Nada baseado em humanos — nada que venha do humano — transcenderá o humano.

Lembremo-nos, e lembremos ao mundo, que D’us criou o homem e a mulher, D’us deu a eles o presente da vida e D’us estabeleceu suas regras: respeite a vida, a família e as propriedades de seus semelhantes, trate as criaturas do seu planeta com bondade, faça caridade e mantenha a justiça. Faça isso não apenas porque faz sentido para você, não apenas porque “parece certo” ou porque você “se sente bem”, mas porque você é um súdito de D’us e aceita os decretos de Teu SOBERANO.

Esta é a fonte de nossa existência. Sem isto, não há nada.”
(© Chabad.org; © Traduzido por Projeto Noaismo Info)

 

Exatamente por não se ser “um súdito de D’us e aceitar os decretos (da Torá das Sete Leis) do SOBERANO” é que a humanidade foi punida com o Mabúl (dilúvio) e posteriormente com a confusão das línguas (do evento da Torre de Babel).
Um texto divulgado pelo Beit Chabad Vila Mariana (S. Paulo, Brasil) declara:
“O Dilúvio foi a solução Divina que, aos olhos de Hashem, era então o único remédio para purificar a corrupção incorrigível daquela geração.

Aprendemos claramente disso, entre outras coisas, que para um dilúvio de sentimentos irrefreáveis levando a total perdição, um outro dilúvio vem afogar toda a degradação humana a que se pode chegar, D-us não permita.
O que está em jogo é a moral e o caráter. Precisam andar juntos e integrar-se.

Em suma, renovação do caráter e da moral no homem. Ficamos assim sabendo que isso é fundamento sobre o qual cada um estende seu destino.”

 

E quanto à geração da Torre de Babel, o Rabi ‎David Aaron explica:
“O que realmente está por trás desta estranha história? O que há de tão terrível na unidade e no desejo de construir uma torre e uma cidade?

A Cabalá explica que o que realmente estava acontecendo era uma conspiração para minar os princípios morais que D’us estabeleceu para o mundo. Estas pessoas raciocinavam que se pudessem ficar completamente juntas e se solidificassem um consenso moral uniforme poderiam então fazer o que quisessem. Por exemplo, elas queriam tornar o adultério bom e moral, bem como outras perversões sexuais.

A Cabalá nos diz que a torre e a cidade são eufemismos para a sexualidade. Elas imaginaram que a moralidade é meramente um contrato social que pode ser determinado por sua própria opinião unificada. Elas acreditavam que o todo é apenas a soma das partes e, portanto, definido pelas partes. D’us é o todo, mas nós somos as partes. E já que o todo — D’us — é simplesmente a soma das partes, podemos criar um consenso moral unificado e determinar D’us e os princípios e objetivos morais da vida. E elas parecem ter um bom argumento.

O único problema é que D’us é o todo e o todo é maior que a soma das partes. D’us nem sequer é a soma das partes. D’us determina o objetivo da vida e os princípios que governam a vida das partes. D’us as dispersou para que nunca mais se iludissem e pensassem que poderiam reescrever as leis divinas da vida.

Fazemos a felicidade acontecer quando estamos em harmonia com nós mesmos, com os outros e com D’us.”
(© Rabi ‎David Aaron; © Traduzido por Projeto Noaismo Info)

 

Anteriormente, vimos que o Rebe disse: ‘Pelo não-judeu pensar em Hashém e cumprir as Leis de Noá, o mundo é permeado com a idéia de “Conheça O D’us de seu pai (i.e., de seu antepassado Nôach) e sirva-O de todo o coração.”’ O que significa “servir Hashém de todo o coração”?

Certamente não significa cumprir aquilo que Hashém obrigou apenas os judeus.
O Rabi Yitzchak Ginsburgh, fundador e diretor do Instituto Gal Einai, em Israel, e autor do livro Kabbalah and Meditation for the Nations, explica:
“Estou muito feliz de que haja um despertar no interesse de escutar a palavra de Hashém, porque é o que pode trazer de verdade a redenção para o mundo. Toda a humanidade se desperte juntos para crer em Hashém e seguir no caminho de Hashém.

Em nossa Torá há “mitsvót masiót”, preceitos que há de se cumprir na prática, e há também “chovot halevavot”, obrigações do coração. Entre estes há seis mitsvót especiais.

1. Crer em D’us, um CRIADOR do mundo (Boré Olám), que dirige o mundo.
(Crer na Divina Providência.)

2. Não crer na idolatria.
Ou seja, a primeira mitsvá, que é: A fé em Hashém que cria o mundo e que conduz o mundo, e a segunda: Não confiar em nada mais, não crer em nada mais.

3. A unicidade de Hashém. Hashém é UM SÓ*. Hashém não tem corpo, não tem uma aparência.

* A absoluta Singularidade, Unidade e Exclusividade de SUA ESSÊNCIA.

 

Tudo isto está no coração. Há que crer e meditar nelas [nestas mitsvót] e conectar-nos no coração com estas verdades. Logo há mais duas mitsvót do coração, que é amar O CRIADOR do mundo (ahavat Hashém), e ter temor DELE (irát Hashém).

[Então]
4. Amar Hashém.

5. Temer Hashém.

6. Não permitir que entrem pensamentos não bons, estranhos, em nossa consciência.
Não entrem em minha consciência pensamentos estranhos.

[Assim,] há seis preceitos permanentes, cada instante de minha vida, inclusive quando durmo. Que esses preceitos estejam em meu coração, que este saber consciente esteja no meu coração. A meditação inicial de acordo com a Cabalá é meditar nesses preceitos que dissemos. Este conhecimento é 24 horas por dia cada dia, e isto produz alegria para a pessoa, porque todo o tempo ela está com O CRIADOR do mundo.

[Por fim,] estar constantemente em uma atitude ativa espiritual de oração, este é o sétimo preceito que não está definido como constante, mas tende a sê-lo, como dizem os sábios (judeus): “Quem dera rezasse o humano o dia todo”, o tempo todo.

Os sete preceitos dos Bnei Noach estão relacionados com esses (sete) preceitos da Torá que dissemos.

Há uma certa porcentagem de não-judeus que querem ingressar ao povo judeu, (mas para isto eles) têm de ser completamente parte do povo de Israel [e não apenas não-judeus que se dizem Bnei Noach mas que se judaizam sem estarem buscando a conversão].”
(© Rabi Yitzchak Ginsburgh; © Traduzido por Projeto Noaismo Info)

 

Por Projeto Noaismo Info

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