O D’us Oculto (O D’us SE escondendo)

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O D’us Oculto

 

Onde você se esconde quando você está em todos os lugares?

 

Por Rabi Tzvi Freeman (Chabad)

 

Três vezes por semana, às 7 da manhã, estudávamos com o Rabi Yoel Kahan, professor supremo da Chassidút Chabád.

Estávamos estudando os escritos do Rabi Sholom Dovber quando, maliciosamente, o Rebe Yoel (como todos os seus alunos ainda o chamam) fez uma pergunta tão ridiculamente simples, mas que nenhum de nós poderia encontrar uma resposta.

Rebe Yoel queria saber por que não podemos ver a D’us.

“ELE é Invisível!”, foi a primeira resposta.

Certamente isso não foi de nenhuma ajuda.

“D’us é Espiritual”, alguém inocentemente sugeriu, “e nós somos físicos.” Rapaz, isso foi um erro.

Rebe Yoel trovejou de volta, “No princípio, D’us criou os céus e a terra!” [(Bereshit/Gênesis 1:1)] D’us criou tanto o físico como o espiritual, disse ele. ELE PRÓPRIO não é nenhum deles[, ou seja, D’us não é físico e não é espírito, D’us não é material e não é espiritual.]

Então tentamos isto: “Bem, se nós não podemos ver coisas espirituais, como emoções, idéias, anjos e mundos superiores, como nós podemos esperar ver o que está além até mesmo do espiritual?”

Agora estávamos chegando a algum lugar. Diretamente na armadilha que ele [o Rebe Yoel] estabeleceu para nós.

“Por que vocês não podem ver as coisas espirituais?”, perguntou ele. “Há mundos inteiros que são espirituais. Onde eles estão escondidos?”

“Eles não estão escondidos”, alguém respondeu. “Eles estão bem aqui. Só que não podemos vê-los.”

Rebe Yoel começou a mover objetos sobre a mesa em que todos estávamos sentados. “Isso aqui”, ele apontou para um gravador de fita cassete que tínhamos dissimuladamente debaixo da capa de um livro, “está escondido. Por quê? Porque não está dentro do meu campo de visão. Minha visão e este objeto estão em dois lugares diferentes. Portanto, eu não posso vê-lo.”

Bem, pensamos que o gravador estava escondido. Rebe Yoel, na época, nunca aprovou a gravação de suas aulas.

“E agora, o que acontece com as ondas de rádio? Elas estão escondidas? Elas estão no mesmo lugar onde estamos?”

“Sim, elas estão”, eu respondi, ansioso para mostrar meu conhecimento tecnológico. “Este quarto e todos os lugares ao redor de nós estão cheios delas.”

“Então por que você não pode vê-las?”

“Porque”, esforcei-me, ávido por [encontrar] uma forma de descrever espectros de freqüência em iídiche, “ondas de rádio não estão…”

“Elas não estão dentro do mesmo espaço que sua visão!”

“Ok.” A mesma diferença, eu supus.

“Então, no que se refere a seus olhos, as ondas de rádio não estão aqui. E o mesmo com as emoções e idéias, e anjos e mundos superiores — eles não estão aqui. Eles não estão dentro do mesmo mundo que seus olhos físicos. Assim, você não pode vê-los.”

Isto estava começando a fazer sentido. Mas eu não estava preparado para a bomba que veio em seguida.

“Então, por que você não pode ver a D’us?”, ele clamou. “D’us não está em todos os lugares, em toda parte?”

A classe explodiu em mais ainda regurgitações fúteis das nossas tentativas anteriores, em formas mais ainda fracas.

“Mas D’us não tem forma! Como você pode ver algo que não tem forma?”

Resposta inútil. ELE está aqui, agora. Aqui, no nosso mundo da forma.

“D’us não é algo que se vê. Ver e D’us são incompatíveis!”

Mais inútil. D’us está em toda parte. ELE está nos céus, e ELE está aqui na terra. ELE está em idéias. ELE está em emoções. ELE está no palpável, no mundo dos sentidos. ELE está na terra fresca do chão que se aglutina em sua mão e escorrega por entre os dedos. ELE está no mundo etéreo do filósofo, e ELE está no mundo pragmático do caminhoneiro a toda velocidade pela pista interestadual. ELE está no mundo podre do trabalhador cavando os esgotos da cidade, e ELE está no cheiro do tempero do jantar de hoje à noite. Nada disso poderia existir se ELE não estivesse ali. ELE está em toda parte, em tudo. Então, ELE está, certamente, em seu campo de visão. Por que você não pode vê-LO?

Tínhamos visivelmente desistido, mas a tensão da aula era como eletricidade estática à espera de um relâmpago.

“Os mundos espirituais,” Rebe Yoel continuou, “o mundo da formação, o mundo da criação — reinos de anjos e almas — não estão em outro lugar que você poderia viajar. No entanto, também não estão aqui. Você e eles estão em diferentes espaços — ainda mais do que as ondas de rádio.”

“Mas o mundo da Divindade — esse está aqui, agora!”

Portanto, a resposta. Tão simples como era a pergunta, então a resposta. Simples demais até para estudantes sofisticados como nós.

Rebe Yoel se inclinou para frente. “A única razão que você não pode ver a D’us”, ele sussurrou, “é porque ELE não quer.”

“É por isso que O chamamos de ‘O D’us Oculto.’ “Achen Atah Keil mistater” — “Em verdade, TU és um D’us que SE oculta”[ — literalmente, “um D’us Se escondendo”* (Yeshaya/Ieshaiáhu/Isaías 45:15)]. Porque ELE é o Único que verdadeiramente está oculto. Tudo o mais não está verdadeiramente oculto — simplesmente não está aqui. Mas ELE, ELE está oculto, mesmo quando ELE está aqui. ELE está presente na Sua ausência, ausente em Sua presença.”

 


[* Rabi Pinchos Lipschutz explica no seu blog:
“Comentaristas observam que o naví (profeta) não chama Hashem (D’us) um Seiser Keil, um D’us escondido, mas um mistater Keil, um D’us que SE esconde. A diferença é que alguém que está escondido não quer ser encontrado. Alguém que está se escondendo quer ser encontrado. Hacadosh baruch Hu (O Santo Bendito seja ELE) está SE escondendo. ELE quer que O procuremos — e O encontremos.”

© rabbipinchoslipschutz.blogspot.com.br ]


 

“D’us, veja bem, não é uma coisa e não é uma presença. D’us apenas é.”

O resto passou além da minha cabeça.

Nessa classe, Rebe Yoel nos forneceu uma chave para desbloquear tantas passagens dos ensinamentos do movimento Chabad. Aqui está a passagem vital em Portão da Unidade e da Fé do Rabi Schneur Zalman (o Primeiro Rebe de Chabad) (tradução e itálicos são meus):

 

Agora, assim como nenhum ser criado tem a capacidade de compreender o modo da grandeza de D’us — ou seja, Sua capacidade de criar algo a partir do nada e vitalizá-lo. . . — da mesma forma, nenhum deles tem a capacidade de entender o modo do poder de D’us. Esta é a modalidade de restringir a propagação de energia vital de Sua grandeza, de modo que em vez de uma descida aberta, energizando e sustentando as criações abertamente, a energia é mascarada de forma a que permaneça indetectável dentro do próprio ser criado. A criação aparece agora como se fosse uma entidade autônoma e não simplesmente o artefato de um sopro — como uma corrente de energia. Em vez de aparecer como a luz do sol aparece — como nada mais do que o brilho do sol[, quer dizer, como parte do próprio sol e não como uma coisa à parte dele] — ela [a criação] aparece agora como [se fosse] uma coisa [absolutamente] independente [de D’us, isto é, como se ela fosse autoexistente e autossuficiente].

Na verdade, a criação não é uma entidade independente, antes, até é bastante semelhante ao brilho do sol. De qualquer forma, isso[ — o fato de a criação parecer ser independente de Seu Criador — ]em si mesmo demonstra o incrível poder de um D’us absolutamente transcendente: ELE pode fazer qualquer coisa, e assim ELE pode restringir este sopro — como vitalizante energia que flui a partir do sopro de Sua boca até ela se tornar indetectável, para não aniquilar a identidade do ser criado.

Esta é a faceta que nenhuma mente criada pode compreender: Que tipo de processo de restrição é este que torna uma força vital indetectável — e ainda assim, uma criação emerge do vazio? Isto não está dentro da capacidade de compreensão de um ser criado — assim como nenhum ser criado pode compreender como algo pode ser criado a partir do nada, para começar.

 

Anos mais tarde, eu encontrei um outro perito para fazer a mesma pergunta — minha filha de três anos. Perguntei-lhe por que não podemos ver a D’us. Ela arregalou os olhos enquanto sussurrou: “ELE está SE escondendo!”

Só então eu me senti tão estúpido como eu deveria ter me sentido lá atrás com o Rebe Yoel. Eu acho que, quando se trata de D’us, estaremos todos pensando melhor como crianças de três anos.

 

© Tzvi Freeman
© Chabad.org
Traduzido do inglês por Projeto Noaismo Info: © Projeto Noaismo Info

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