A verdadeira história de Jesus e do cristianismo PARTE 2

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orgulhosamente apresenta:

 

A verdadeira história de Jesus e do cristianismo PARTE 2

B”H

 

Observação:
Apesar de não ser necessário, ainda assim, faremos uma confissão.
Exatamente em dezembro de 2006, começamos a desenvolver o que poderia vir a ser a 2a parte de A verdadeira história de Jesus e do cristianismo. No entanto, em vista de até janeiro de 2007 não a termos desenvolvida, acabamos deixando-a de lado. E assim passaram-se 14 ANOS. E esse mês, em dezembro de 2020, finalmente desenvolvemos a matéria, e agora, finalmente, graças a Hashém, a publicamos.

 

 

Yêshu (Jesus ou Yeshuá) era um pecador.
(Aqui estamos falando do Jesus nascido judeu. Do Jesus filho de uma judia, Miriam (Maria).)
Que tipo de pecador era Yêshu?
O Rabi Maimônides (Rambám) diz:
“[D]aquele que faz com que os outros errem e os afasta (da observância da Torá) como Yeshuá.”

 

O Rabi Dovid Rosenfeld explica que “o Rambám lista pecadores tão repudiáveis que perdem sua parte no Mundo Por Vir. A segunda metade da lista do Rambám [trata de] pessoas cuja rebelião não é filosófica — eles presumivelmente acreditam em D’us e em Sua Torá, mas cujo comportamento é tão pecaminoso a ponto de separá-los inteiramente da nação judaica.”

 

Mas como Yêshu chegou a esse nível?
O Rabi Maimônides menciona novamente Yêshu quando ele explica que “cinco coisas bloqueiam o caminho do arrependimento diante daqueles que as fazem”, enquanto uma dessas cinco coisas é:
“Aquele que desgraça seus professores da Torá, já que isto faz com que eles o rejeitem (lit., ‘o afastem’) e o banem, como Yeshuá e Guechazí. E uma vez banido, ele não encontrará ninguém que o ensine e o instrua no verdadeiro caminho.”

 

O Rabi Dovid Rosenfeld explica sobre estas palavras de Rambám:
“O Rambám dá dois exemplos de tais alunos [que desgraçaram seus professores] — um é Guechazí (“Gai’chazi” em hebraico) e o outro é Jesus.

O Talmud (Sotá 47a e Sanhedrín 107b) afirma que deve-se sempre “afastar com a esquerda, enquanto se aproxima com a direita”. Ou seja, mesmo que tenhamos de repreender os outros, devemos fazê-lo gentilmente, nunca afastando os pecadores por completo. Não se deve, continua o Talmud, fazer como Elishá (Eliseu) fez com Guechazí ou como o Rabi Yehoshúa ben Perachiá fez com um de seus alunos. Em ambos os casos, o professor afastou seu aluno com demasiada dureza, fazendo com que o aluno se extraviasse completamente.”

 

O Rabi Heshy Grossman nos resume tal história.

“Depois que Yannái Hamélech (Alexandre Yannai ou Alexandre Janeu, o Rei)[, instigado pelos tzadokim ou saduceus*,] assassina brutalmente os Sábios de Israel, o Rebe Yehoshúa ben Perachyáh (ou Perahiá), o receptáculo da Torá em sua geração e o Gadól Hadór (grande sábio de sua geração), foge com vida para Alexandria, Egito. Quando a paz volta à terra, e ele é chamado a retornar, ele retorna com honra ao povo que aguarda ansiosamente sua chegada.

 

[* Uma observação: diferentemente do que diz o livro O Cuzarí, Yannái não foi instigado por caraítas, nem estes surgiram naquela época, antes, ele foi instigado por tzadokim/saduceus.
Os tzadokim surgiram (em Israel) no período do segundo Bêt Hamicdásh e na era dos Tanaim enquanto os caraim/caraítas surgiram no período dos Gueonim (Idade Média) em Bavel e na região do Crescente Fértil. Tanto histórica quanto religiosamente, não há conexão direta entre os tzadokim e os caraim. Os tzadokim morreram séculos antes dos caraim aparecerem em cena.
Os caraítas (caraim) não são judeus. (Ref. Rabi Yirmiyohu Kaganoff)]

 

Em seu exílio, entre seus alunos [que incluia Yehudá ben Tabái — daí uma versão da história com o seu nome (veja, por exemplo, https://www.hidabroot.com.br/o-comportamento-do-juiz-no-julgamento-a-etica-dos-pais-capitulo-1-mishna-8/) —], estava um homem que estava destinado a destruir o mundo — ‘Yêshu Hanotsrí’ — aquele que se extraviou. (A ênfase é nossa.)

O Talmud (versão não censurada) descreve um ato que leva o Rebe Yehoshúa a reconhecer a verdadeira natureza de seu aluno, e Yêshu é excomungado diante dos olhos de todo o Israel. Mandado embora repetidas vezes, ele tenta mais uma vez buscar o consentimento de seu Rebe: “Um dia ele (o Rebe Yehoshúa ben Perachyáh) estava recitando o Shemá quando (Yêshu) se aproximou dele. Ele tinha em mente aceitá-lo e lhe acenou com a mão (para esperar). Ele (Yêshu) pensou que ele estava deixando-o de lado. Ele se foi, ergueu um tijolo, e o adorou. … Jesus realizou feitiçaria, incitou os judeus a se envolverem na idolatria e desviou Israel.” (Sotá 47a)

Aqui está a separação dos caminhos[,] o ponto de separação, deixando Yêshu de lado para sempre.”

 

Tendo em conta que Yêshu foi aluno do Rebe Yehoshúa ben Perachyáh, lembremo-nos, como dito na Parte 1, que Míriam, a mãe de Yêshu Hanotsrí, (irmã do Rebe de Yêshu, Yehoshúa ben Perachyáh) era noiva de Iohanán (João) mas concebeu de outro homem, um não-judeu, Yossêf (José)*, e, lembremo-nos também que em um parágrafo do Talmud questiona-se se não é Papus (Pappos, Pappus) o marido de Miriam.
É preciso esclarecer que ao passo que Yêshu Hanotsrí viveu uns 100 antes da nossa era, Papus viveu uns 200 anos depois de Yeshú Hanotsrí (ou seja, no segundo século de nossa era).
Conhecido como Papus ben Yehudá, ele foi líder de uma rebelião sob o imperador romano Adriano (117 ec a 138 ec). Sábio e Tsadíc, Papus ben Yehudá era amigo de outro Sábio, o Rabino Akivá ben Yossêf (um filho de convertidos que se tornou o líder da Torá mais influente na história do povo judeu, com a única exceção de Moisés), que viveu de 1 ec a 121 ec (outra data diz de 20 ec a 140 ec) (e que, como Moisés, morreu aos 120 anos).
Portanto, Papus era contemporâneo do Rabino Akivá, do Rabino Shimón bar Yochái (ou Rashbí, aluno de Akivá) e do Shimón bar Kochbá (ou, Shimón bar Kozíva) (veja Talmúd, Berachót 61b e Guitín 90ab).
Assim, não temos como saber quando e de que maneira ocorreu esta confusão no Tratado do Shabát 104b. Uma possibilidade é que a esposa de Papos ben Judá também se chamava Miriam. De qualquer maneira, Papus era judeu, enquanto (Yossêf) o pai de Yêshu Hanotsrí era gentio (não-judeu).

* Amolon (Theodboldus Amulo), arcebispo de Lyon no século IX (841), referiu-se às idéias judaicas sobre a origem de Jesus:
“Ele é ímpio e filho de um ímpio, a saber, (filho de um homem) de origem incerta[••], a quem chamam de [Yossef] Pandera: com quem dizem que a mãe do (nosso) Senhor cometeu adultério, e desta forma ele (Jesus/Yeshuá), em quem acreditamos, nasceu.”

•• Rabi Maimônides afirma que se trata de um gentio, então, “de origem incerta” na frase acima significa que não se sabe se ele (Yossêf) era romano ou grego (Orígenes diz que Celso diz que ele era um soldado romano; por outro lado, “Pandera” ou “Pandira” — “Pantera” — é um nome grego).

 

Yêshu (Jesus ou Yeshuá) tornou-se um apóstata.
O Rabi Iehudá Haleví, autor de O Cuzarí, nos diz:
“Jesus e seus companheiros foram classificados como apóstatas (que abandonaram o judaísmo, fundando uma nova seita e batizando-se no rio Jordão).”

Porém, precisamos discernir que mesmo entre os Sábios de Israel, apesar da unanimidade da apostasia de Yêshu e de seu propósito final (a destruição do judaísmo — da Torá e do povo judeu), eles divergem quanto ao significado dos meios usados por Yêshu para chegar ao fim pretendido:
para alguns, ele inventou uma religião, para através dela ele destruir o judaísmo (sim, certamente ele não a inventou para “apenas” suplantá-lo, mas para suprimi-lo);
para outros, ele não organizou uma nova religião, ele queria “apenas” causar, era um desordeiro e subversivo, e pretendeu que as massas o imitassem, com o objetivo de que isso acarretasse a extinção do judaísmo
(veja A verdadeira história de Jesus e do cristianismo PARTE 3: Rabi Maimônides).

Na verdade, este é o verdadeiro motivo pelo qual Yêshu não é considerado o mashíach pelos judeus.
Como poderia um apóstata ser um líder de Israel, e quanto mais o Líder final de Israel?

Portanto, quando os judeus e os noaítas (Bnei Noach) dizem que não acreditam em Jesus, isto não significa que eles acreditam que ele não existiu, mas que não acreditam que Jesus é o mashíach (o verdadeiro messias) e muito menos ainda que Jesus é A PRÓPRIA Elohút — DIVINDADE — ou parte DELA).
Porém, isto não é tudo. A questão ainda é muito mais profunda. Quando os judeus e os noaítas dizem que não acreditam em Jesus, a grande verdade é que eles estão querendo dizer que não acreditam que Jesus era um servo de D’us. Jesus não serviu D’us, e levou outros a também não servirem D’us. O Rabi Maimônides declarou:
É um mandamento (da Torá) exterminar hereges, traidores e apóstatas israelitas e levá-los ao poço da destruição [alusão ao Salmo 55:24], pois eles oprimem Israel e afastam o povo de D’us, como é o caso de Jesus, o cristão[*], e” outros.
Assim, Jesus não é o mashíach (o verdadeiro messias judeu) porque ele abandonou o judaísmo (ele abandonou D’us, a SUA Palavra, e os SEUS Mandamentos) e enganou muitas pessoas, mas não porque ele não cumpriu nenhuma profecia bíblica.
Afirmar que Jesus não cumpriu profecias é um equívoco muito comum. Ele cumpriu sim:
Devarím/Deuteronômio 13:1-5
(o judaísmo não nega e nunca negou que Yêshu Hanotsrí — Jesus — foi capaz de realizar certas façanhas. Mas mesmo realizar milagres não é prova de se ser um servo de D’us, muito pelo contrário, pode ser prova exatamente de se ser um falso profeta, como O PRÓPRIO D’us declara à Israel);
Devarím/Deuteronômio 13:6, 11-12; e, 17:2-7; e, 21:22-23
(é interessante notar que as sete cartas genuinamente paulinas não tratam nem uma única vez de Pôncio Pilatos.
E também é interessante notar que por todo o “novo testamento”, mas principalmente em Atos e em 1 Tessalonicenses (2:15), mesmo diante do dogma criado pela Igreja de que Yêshu foi executado por Pôncio Pilatos, ainda remanescem vestígios da história original (a judaica) de que foram realmente os judeus que executaram Yêshu*.
Surpreendentemente, Gálatas (3:13) (uma das cartas genuinamente paulinas) chega até mesmo a se referir a Yêshu como “o pendurado (no madeiro) [que] é um desprezo para Hashém”, sendo tal método imposto EXCLUSIVAMENTE de imediato aos já falecidos executados por apedrejamento (julgamento e execução realizados pelo Sanhedrín (tribunal judaico), não por romanos)*;
Devarím/Deuteronômio 17:9-13
(como vimos acima, e como ainda veremos um pouco mais, Yêshu desgraçou seu Rebe — sendo que o seu professor era ninguém menos que o próprio Líder do Sanhedrín (de cerca de 3623 a 3678 da Criação, ou, c.138 aec a 83 aec) e o seu próprio tio, irmão de sua mãe);
Daniel 7:8, 20-25
(“ele pretenderá modificar as regras do tempo e a própria lei” — e de fato, a data de sua existência foi modificada, além de ter sido usada para dividir a História em antes dele e depois dele, e ainda substituir o calendário bíblico cuja contagem é desde a Criação de Adão e Eva.
E “modificar a própria lei”, a Própria Palavra de D’us, a Torá, inventando um “novo testamento”);
Daniel 11:14, 35-39
(com toda a certeza do mundo um filho renegado do judaísmo tentou se exaltar, e se exaltar tanto ao ponto de se considerar o próprio Hashém em pessoa, sem qualquer consideração por nada nem ninguém, estabelecendo essa nova visão de fé por quase todo o mundo, e, como já tinha sido profetizado na bíblia judaica, no versículo 36, Yêshu seria considerado até mesmo um “rei” pelos cristãos — como todos eles hoje em dia dizem que ele reina nos céus).

 

* Ao contrário do que muitos pensam ou do que aprenderam (erroneamente), o Sanhedrín, também chamado de Beit Din Hagadol — a Suprema Corte judaica —, renunciou ao seu poder de julgar penas capitais no ano 3788 ou 28 ec.
Ainda assim, haviam os sanhedrins menores, que consistiam em 23 juízes, em cada cidade grande, que também tinham jurisdição em todos os casos regulares que envolviam a pena capital. As penas de morte (que eram 4) foram abolidas formalmente pelas cortes de justiça no ano 30 ec (Ref. Rabi Aryeh Kaplan em Enciclopédia do Pensamento Judaico).

 

O Rav Shimshon Bisker, de Israel, resume a verdadeira história de Jesus, explicando:
“Yêshu é o nome de Yehoshúa, Yehoshúa é o nome dele (de Jesus) de verdade. Yeshu é uma sigla [cujo significado é] “que seja borrada sua lembrança”, e aí a tradução ficou “Jesu”. É daí que veio o nome dele que é chamado (Jesus) que é a sigla: “que seja apagada a sua lembrança”, aí ficou a sigla para a história.
O rabi dele chamava Yehoshúa.
Ele (Yêshu/Jesus) brigou com os sábios, atacou os sábios, e a Torá fala para escutar os sábios.
Ele (Yêshu/Jesus) foi fundar o (cristianismo), foi se declarar o messias, foi se declarar contra os sábios, fez milagres com O NOME de D’US — que ele tirou do Templo de Yerushaláim botando dentro da perna dele.
Aí, das pessoas que queriam salvar a reputação dele, que queriam colocar ele como o verdadeiro messias, começou a surgir o (cristianismo) [assim como, posteriormente,] o catolicismo, quando eles começaram a seguir os passos de Yêshu.”

 

 

Agora vamos analisar três pontos (na verdade, quatro, sendo três agora conjuntamente e um depois, separadamente) (e ao final desse primeiro ponto voltaremos à história acima).

 

• 1° ponto:

O que o Talmud quer dizer com: “ergueu um tijolo, e o adorou”? Yêshu fez isto literalmente? Ou esta passagem é alegórica?

O Rebe (Rabi Menachem Mendel Schneerson) nos explica:
“O Talmud, ao falar de designar uma falsa divindade, dá como exemplo: “Ele ergueu um tijolo”.”

Portanto, não foi um acontecimento literal, Yêshu não ergueu realmente um tijolo e o adorou. Antes, isso é um modo de dizer que ele “produziu um novo deus próprio”, ou seja, ele rejeitou Hashém D’us, O CRIADOR.

Mas que novo deus Yêshu produziu para si mesmo? Que deus Yêshu começou a pregar no lugar de Hashém? Qual foi a idolatria que ele realmente praticou? A de si mesmo. Sim, é isso mesmo o que você leu. O deus que Yêshu começou a pregar no lugar de Hashém foi ele mesmo. Ele passou a declarar-se Deus (o próprio Hashém). Isso não é uma invenção de Roma, de Paulo, do Vaticano ou de Constantino. Isso não foi uma inserção feita posteriormente no novo testamento por pessoas que estavam desvirtuando a suposta mensagem “original” de Yêshu. Pregar que a sua própria pessoa era o próprio Hashém, o próprio Deus, na Terra, era a verdadeira mensagem de Yêshu. Essa era, de fato, a mensagem original dele. Como explica o Rabi Heshy Grossman: Yêshu é “o homem que se pensa Deus”, “um homem que se faz Deus”, e que a partir de agora começa a tramar “um novo testamento que pretende continuar a visão profética de uma época anterior.”

 

Agora vamos expandir um pouco mais a história acima do Talmud. O Rabi Heshy Grossman prossegue:

“Após um exílio forçado em Alexandria, o Rebe Yehoshúa ben Perachyáh retorna a Jerusalém, acompanhado de seus alunos, entre eles Yêshu Hanotsrí.

No caminho, eles param em uma pousada, onde são tratados com grande honra.

“Como é amável esta estalajadeira”, disse o Rebe Yehoshúa ben Perachyáh, elogiando os méritos dela.

Yêshu Hanotsrí[, pensando que o seu Rebe estava apontando o quão ela era bonita,] disse: “Mas, Rebe, os olhos dela são bem redondos!” [o que significa que ela não era tão bonita assim].
[N.T.: sim, Jesus/Yeshuá concentra o seu olhar na estalajadeira, enfatizando a feiura dos olhos dela.]

“Rashá!” (“Perverso!”), declarou o Rebe, “é nisso que você está envolvido?”. O Rebe então o colocou em Chérem [isto é, o baniu da comunidade]… .” (Sotá 47a, versão sem censura do Talmud).”

 

Para esclarecimento, o Rabi Heshy Grossman nos explica:

“Yêshu é mandado embora não por olhar para mulheres bonitas, mas por supor que seu Rebe estava fazendo o mesmo. Ele faz pouco caso das palavras dos Sábios, zombando da Torá que eles representam.”

 

 

• 2° ponto:

No quinto parágrafo, as próprias palavras do Rabi Dovid Rosenfeld e do Talmud nos dá a entender que a culpa da existência do cristianismo é na verdade do Rabi Yehoshúa ben Perachyáh: “O Talmud (Sotá 47a e Sanhedrín 107b) afirma que deve-se sempre “afastar com a esquerda, enquanto se aproxima com a direita”. Ou seja, mesmo que tenhamos de repreender os outros, devemos fazê-lo gentilmente, nunca afastando os pecadores por completo. Não se deve, continua o Talmud, fazer como Elishá (Eliseu) fez com Guechazí ou como o Rabi Yehoshúa ben Perachyáh fez com um de seus alunos. Em ambos os casos, o professor afastou seu aluno com demasiada dureza, fazendo com que o aluno se extraviasse completamente.”

Pois bem, deixemos que o próprio Rabi Dovid Rosenfeld se explique:

“Não devemos culpar o Rabi Yehoshúa por indiretamente gerar o cristianismo. Embora o Talmud o culpe por ser muito duro, ele sabia quando bastava, quando já era o suficiente. Ele não teria ido longe demais; foi D’us QUEM quis que isso (um mal-entendido entre os dois) acontecesse [e que disso resultasse o cristianismo.

Nesta lição nos voltaremos para] Yeshuá, também conhecido como Jesus (ou Yêshu).

O Talmud na verdade faz muito pouca referência a Jesus e ao Cristianismo. Há talvez meia dúzia de referências a ele em todo o Talmud — uma obra que fala de quase tudo o mais sob o sol. [N.T.: Na verdade, são apenas 9 menções em 63 tratados da Mishná (9 não contando as duplicações, porém se incluídas as passagens que, repetidas, aparecem em tratados diferentes, chegamos ao total de 20 menções na Mishná — o código de leis judaicas que formou a base do Talmud).]

Em dois lugares (Sotá 47a e Sanhedrín 107b) o Talmud diz o seguinte: Deve-se sempre afastar com a esquerda enquanto se aproxima com a direita — ou seja, nunca afaste os pecadores com demasiada força, ao contrário de Elishá, que fez isso com Guechazí, ou do Rabi Yehoshúa ben Perachyáh, que fez isso com “um de seus alunos” — quer dizer, Jesus.

A propósito, o Talmud em Sotá usa a frase propositadamente oblíqua “um de seus alunos”. Em Sanhedrín, o Talmud se refere explicitamente a Jesus pelo nome (“Yêshu Hanotsrí;” Notsrí=Nazareno, razão pela qual os cristãos são chamados de “Notsrím” em hebraico hoje em dia). Além disso, a edição do Talmud de meu pai (c. 1950) omite ambas as passagens, graças à censura. Meu próprio Talmud (1970) não contém a história em Sanhedrín com sua referência explícita, mas contém a passagem em Sotá. Até hoje, nem todas as edições do Talmud incluem a versão do Sanhedrín.

De qualquer forma, voltando ao nosso texto parcialmente censurado, o Talmud registra o seguinte. Houve um incidente no qual o Rei hasmoneu Yannái matou muitos sábios da Torá (por causa de um debate a respeito de sua estirpe). O Rabi Yehoshúa ben Perachyáh e seus alunos fugiram para Alexandria. Quando a estabilidade voltou, ele e seus alunos voltaram à Terra Santa. Na volta, eles ficaram em uma certa pousada (administrada por uma mulher). A anfitriã lhes prestou um serviço excepcionalmente bom. O Rabi Yehoshúa comentou: “Como é amável esta matrona!” Seu aluno rebelde, interpretando mal a intenção de seu professor, respondeu: “Meu mestre, os olhos dela são bem redondos.” O rabino respondeu: “Perverso! É com isto que você está lidando?!” Ele o colocou em excomunhão.

Jesus voltou ao seu mestre muitas vezes para pedir perdão. O Rabi Yehoshúa repetidamente se recusou a aceitá-lo (atraindo a crítica do Talmud de que nunca se deve afastar com demasiada força). Um dia, o aluno veio ao rabino quando ele estava orando e não pôde responder. Ele fez um sinal para que Jesus ficasse, pois naquele dia ele estava preparado para aceitá-lo de volta. Jesus, no entanto, entendeu mal o gesto e foi embora, naquele momento se separando inteiramente do judaísmo.

Há duas mensagens muito importantes contidas neste breve episódio. Por um lado, o comentário inicial de Jesus poderia ter sido visto como um mal-entendido inocente. Outra coisa, reconhecidamente menos nobre, lhe veio à mente quando seu mestre disse “como é boa esta mulher”. Talvez um erro inocente. Muito poucos de nós vemos uma mulher atraente e nem sequer nos damos conta de sua aparência.

Mas há uma grande mensagem aqui, uma das mais profundas da Torá. O Judaísmo nos ensina que um homem que estuda Torá pode crescer (espiritualmente) a tal ponto que pode ver uma bela mulher e não instantaneamente vê-la como um objeto, algo a ser desejado. O Rabi Yehoshúa viu uma mulher com um exterior atraente, mas a elogiou por seu verdadeiro valor.

Há uma segunda grande lição contida nesta história. A última vez que Jesus voltou ao seu mestre, o Rabi Yehoshúa estava preparado para aceitá-lo de volta. Houve um mal-entendido e isso não aconteceu. [Como foi dito anteriormente, o ponto aqui] é que não devemos culpar o Rabi Yehoshúa por indiretamente gerar o Cristianismo. Pois D’us quis que ocorresse um mal-entendido naquele momento crítico. Por alguma razão, D’us quis que tal desentendimento ocorresse e que uma religião falsa nascesse.”

 

 

• 3° ponto:

O Rabi Heshy Grossman nos lembra de um detalhe muito significativo:

“O Rebe Yehoshúa ben Perachyáh viveu durante o reinado dos gregos, cerca de duzentos anos antes da era comum[ — contando a era cristã (comum) a partir de Paulo (c. 50) —, o que significa que, se Yêshu era seu aluno,do Rebe Yehoshúa, então o próprio Yêshu viveu na verdade uns 200 anos antes do cristianismo paulino (isto é, da origem da Igreja)].

A afirmação cristã é esta: nós somos Israel, herdeiros da graça do céu.

Embora seu herói tenha vivido dois séculos antes, os líderes da igreja pressionam seu ponto de vista, eles são o novo povo escolhido, erguendo-se no lugar de um Templo que ardeu em chamas. Para conseguir isso, eles criam uma fraude, Yêshu, seu ‘salvador’, e alegremente tomam nosso lugar. Que conveniente, então, simplesmente mudar algumas datas há muito esquecidas, avançando duzentos anos! E dessa forma, eles colocam seu nascimento bem próximo à destruição do Templo.”

 

Na Parte 1, explicamos que o chamado Testimonium Flavianum ou Testemunho de Flávio Josefo em seu livro História dos Hebreus pode muito bem ter sido uma interpolação cristã. E se levarmos em conta que a verdadeira data da existência de Jesus é o primeiro século ANTES da era comum, fica explícito que se trata sim de uma interpolação cristã.
Por outro lado, o professor e historiador James D. Tabor diz:
“Josefo menciona Jesus de passagem. A passagem é considerada autêntica pela maioria dos estudiosos, uma vez que as adições cristãs óbvias são removidas.”
E o historiador Bart D. Ehrman tem a mesma opinião:
“A maioria dos estudiosos do judaísmo primitivo e especialistas em Josefo acredita que um ou mais escribas cristãos “retocaram” levemente a passagem.”

Se este realmente é o fato, como então pode-se explicar esta passagem à luz da verdadeira data da existência de Yêshu (Jesus/Yeshuá) nascido em 90 aec e falecido em 54 aec?
Só há uma única explicação possível:
a passagem de Josefo foi parcialmente interpolada e o mais importante de tudo — e o mais curioso e o mais interessante , ela foi deslocada, ou seja, mudada de lugar. Você alguma vez já tinha parado para pensar nisso?
Se a passagem de Josefo é mesmo autêntica, então ela só pode ter sido retirada do contexto da história do Rei hasmoneu Alexandre Yannái e colocada na época do primeiro século da nossa era. Pois, como já o sabemos, e como também afirma o Rabi Iehudá Haleví, autor de O Cuzarí:
“Jesus de Nazaré [título cristão, na verdade, o nazareno] (cuja história é bem conhecida) foi um de seus discípulos [do Rabi Yehoshúa ben Perachiá].”
E como também afirma explicitamente o Rabi Maimônides:
“Jesus “de Nazaré”, que aspirava ser o mashíach, foi executado pelo tribunal [judaico, o Sanhedrín].”

Assim, devolvida ao seu local original, a saber, a época do Rei hasmoneu Alexandre Yannái (rei de 103 aec a 76 aec), a passagem teria dito apenas:
“Houve por esta época Jesus, um fazedor de maravilhas. E ele atraiu para si muitos judeus e muitos gentios. E quando os principais homens entre nós o levaram [à morte], aqueles que o amavam no início não o abandonaram e até os dias de hoje os cristãos não se extinguiram.”

De toda forma, como admite o historiador Bart D. Ehrman:
“O fato é que esse texto tem pouca relevância para a questão da existência de Jesus.”

O Rabi Moshe Bogomilsky declara:
É interessante notar que as informações autênticas que os cristãos têm sobre Yêshu foram extraídas de nossas fontes. A razão é que, durante sua vida, o mundo em geral sabia muito pouco dele e não tinha nenhuma consideração por ele. Cerca de cem anos após sua morte [ou na metade do primeiro século da nossa era], certos indivíduos decidiram fazer dele o fundamento de sua nova crença e começaram a fabricar histórias de sua glória.”

 

O próprio ângulo de visão do Rabi Yechiel ben Yossef em sua resposta para Nicholas Donin, no Debate de Paris em 1240, que aparenta ser uma justificativa para impedir a destruição do Talmud na França, é verdadeiro em absoluto:
É fácil ver que este Jesus [citado, por exemplo, nos Tratados de Guitín 56b, e, Sanhedrín 43a e 107] não pode ser o mesmo Jesus que os cristãos adoram. Pois Josué ben Perahiá viveu mais de 200 anos antes do Jesus do cristianismo, que, em minha opinião, não é mencionado em lugar algum do Talmud. Onde aparece Jesus no Talmud, é do discípulo de Josué ben Perahiá que se fala.”

Se levarmos em conta as explicações mais acima de que ‘os cristãos criaram uma fraude, Yêshu, seu salvador, avançando duzentos anos’ — que ‘cerca de cem anos após sua morte, certos indivíduos  começaram a fabricar histórias de sua glória’, então, realmente, o Yêshu do Talmud não é o Yêshu do novo testamento da Igreja (que nasceu de uma virgem, que morreu sob Pôncio Pilatos tendo hipoteticamente vivido, então, no primeiro século da nossa era , que foi ressuscitado no terceiro dia e que posteriormente ascendeu ao céu). O Jesus neotestamentário (o filho de virgem e de espírito santo, o executado por um prefeito romano, o crucificado, o ressuscitado no terceiro dia, o ascendido ao céu) não é o Jesus de Nazaré talmúdico. O Yêshu neotestamentário é um mito, uma lenda — PARCIALMENTE. Não é que ele foi inventado em todos os sentidos (como pregam os miticistas). É um Jesus/Yeshuá/Yêshu (“Yahushuah”) remodelado, remendado, reformado. O ponto de partida foi basear-se numa pessoa real: o Jesus discípulo do Rebe Yehoshúa ben Perachyáh. Porém, é óbvio e é natural, e muitas vezes até mesmo é conveniente, que nem todo judeu está disposto a adentrar neste campo.

O fato é que a elite eclesiástica sabe a verdade:
É interessante que no Debate de Tortosa em 1413/1414, o próprio Benedito XIII, apenas um dos três aspirantes à papa, mas tratado pelo relato cristão como “Sua Santidade, nosso senhor papa Benedito XIII”, admite (no relato judaico do debate):

“Disse então o papa: “Na noite passada, estive pensando como [vós judeus] nos iludistes dizendo que nolad pode significar tanto ‘nascerá’ quanto ‘nasceu’. Mesmo que seja assim, a verdade é que Jesus nasceu no ano de 3.671 após a Criação, muito antes da destruição do Templo, que se deu em 3.828; portanto, ele nasceu 150 anos antes da destruição [do Templo de Jerusalém].””

Também é interessante que no Debate de Barcelona em 1263, o Rabi Nachmânides (Rambán) fez uma afirmação que em momento algum foi contestada pelo lado cristão (e nem posteriormente pelo papa na versão cristã do debate). Ele declarou:
“Jesus não é o messias conforme [vós cristãos] sustentais, pois ele nasceu e morreu antes da destruição do Templo de Jerusalém e seu nascimento se deu quase 200 anos antes da destruição, embora, de acordo com vossa contagem, tenha ocorrido 73 anos antes da destruição [do Templo].”

Portanto, diferentemente do Rabi Yechiel que preferiu não adentrar neste campo (e de vários judeus que assim o fazem hoje em dia), o Rambán demonstrou que a pessoa real por trás do lendário Yêshu neotestamentário é o Yêshu discípulo do Rebe Yehoshúa ben Perachyáh, que viveu em torno de 100 aec, no reinado de Alexandre Janeu, o Yêshu executado pelos próprios judeus, sendo este o entendimento também, para citar alguns exemplos, de Avraham ben Yitschak de Narbona, o Rabad II, conhecido pelo seu livro Sêfer Haeshkol; de Avraham ben David de Posquieres, o Raavad; e de Yitschak Abravanel (Abarbanel); como também o declara o Rebe, Rabi Menachem Mendel Schneerson. O Rebe esclarece:
“Nossos Sábios relatam que “aquele homem” (um termo talmúdico usado para se referir a Jesus o nazareno) foi um dos alunos do Rabi Yehoshúa [ben Perachyáh]. Mesmo depois de “aquele homem” ter abandonado a observância judaica, o Rabi Yehoshúa tentou persuadi-lo a se arrepender.

“Aquele homem” recusou, respondendo: “Eu recebi a seguinte tradição de você: ‘Uma pessoa que peca e faz com que outros pequem não tem a oportunidade de se arrepender.’”

É claro que o Rabi Yehoshúa conhecia este princípio, mas ele também sabia que se uma pessoa fizer uma tentativa sincera, seu arrependimento será aceito independentemente de sua conduta anterior. Apesar do comportamento de seu ex-aluno, o Rabi Yehoshúa o julgou capaz de se arrepender sinceramente o suficiente para recuperar o favor de D’us.”

 

 

Agora, iremos para o 4° ponto, mas cujo assunto será abordado a partir de agora.
Vamos elucidar mais uma questão.

A história no Tratado de Guitín (57a) sobre Yêshu no outro mundo é literal?
O Rabi Heshy Grossman nos resume a história e a explica:

“Onkelos, o sobrinho de Tito (filho da irmã de Tito), desejava se converter (ao judaísmo). Antes de fazer isso, ele levantou magicamente (do Guehinóm) os inimigos mortos de Israel, na esperança de esclarecer a verdade.

“Quem é mais importante nesse mundo (onde você está agora)?”, perguntou a Bila’am.

“Israel.”

“Devo então me juntar a eles (pela conversão)?”

“(Não! Pois) não procurarás a paz nem o bem deles, em todos os teus dias… (Devarim 23:7).”

Ele então trouxe os pecadores de Israel (Yêshu).

“Quem é mais importante nesse mundo (onde você está agora)?”

“Israel.”

“Devo então me juntar a eles (pela conversão)?”

“Você deve desejar o bem deles e você não deve desejar a desgraça deles.”

“Como é o castigo daquele homem (um eufemismo para o próprio Jesus) no outro mundo?”

“Ele é punido em excremento fervente, pois se diz: ‘Todos os que zombam das palavras dos Sábios são sentenciados a ferver em excremento’.”

(A Gemara comenta:) “Venha e veja a diferença entre os pecadores de Israel e os profetas das nações adoradoras dos ídolos.” (Tratado de Guitín 57a)

O humano é julgado na mesma medida em que viveu sua vida, a sua punição no próximo mundo é uma imagem espelhada da sua existência terrena.

Yêshu Hanotsrí ferve em excremento.

É a Torá Oral dos rabinos que dá o tom da vida e da lei judaica. Enquanto a Torá Escrita leva o imprimatur do céu, um selo de aprovação incontestável, a Torá Oral repousa sobre a autoridade dos Sábios; o respeito por suas palavras e a disposição de se ser humilde diante de sua análise da vontade de D’us.

Yêshu rejeita a base rabínica da Torá Oral. A Torá é a própria vida, seja ela escrita ou oral. Yêshu deixa o Beit Midrash (Casa de Estudos), repositório da vida. Descartado (da força vital de toda a existência), ele desce a uma panela fervente de resíduos, a imagem definidora de sua própria existência.”

 

Finalizaremos então esta PARTE 2 com o seguinte detalhe:
Se é verdade que Jesus (Yeshuá/Yêshu) era tão bom assim, como muitos acham que ele era, e se ele era esse judeu exemplar, cumpridor da Torá, que de forma alguma pretendeu abolir ou alterar a Torá, que conhecia todos os pormenores da Halachá (Lei Judaica), e que ainda era o mashiach e até mesmo um rabino — e que não é verdade o que o Rabi Heshy Grossman explica sobre ele nos dois parágrafos acima —, como ele pôde ensinar: “Jesus respondeu: — Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.” (João 14:6, Nova Almeida Atualizada), ou, como consta numa execrável versão hebraizada: “”Rebe Mélech Hamashíach” (rebe o rei messias — Yeshuá) disse: Eu sou Hadêrech (o caminho), Haemét (a verdade), e Hachaím (a vida). Ninguém vem ao HaAv (Pai) senão por mim.” (veja também João 3:36 e Efésios 2:8-9), em nítido e explícito contraste com o ensinamento rabínico:
“Chamo o Céu e a Terra como testemunhas:
Qualquer indivíduo, seja gentio ou judeu, homem ou mulher, servo ou amo, pode atrair sobre si A DIVINA PRESENÇA, conforme suas obras.” (Taná deBéi Eliáhu Rabá)?

 

Uma reflexão:

Neste 25 de dezembro, centenas de cristãos estarão comemorando o natal, quer dizer, o nascimento de seu “salvador”, festa essa que segundo eles mesmos celebra a família, o lar, o casamento, sendo que trata-se do nascimento do filho de uma mulher que diz: “ele não é filho do meu marido”.

 

Texto produzido por © Projeto Noaismo Info

Traduções feitas do inglês por © Projeto Noaísmo Info

© Rabi Maimônides
© Rabi Dovid Rosenfeld
© Rabi Heshy Grossmans
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